A Federação dos Trabalhadores em Agricultura do Rio Grande do Norte (FETARN) quer que o Governo Federal e os prefeitos antecipem a liberação dos recursos do Programa Garantia Safra aos pequenos trabalhadores rurais já para o mês de setembro, em decorrência da seca verde, que impediu que mais de 80% da safra do milho, feijão e arroz vingasse no inverno deste ano.
Segundo o assessor técnico da Fetarn, Gilberto Silva, a situação para os pequenos produtores da região Oeste vai piorar a partir deste mês de agosto. "Terão dificuldades para comprar os alimentos e principalmente ter acesso à água para o consumo humano já a partir de setembro próximo", diz o assessor, lembrando que é preciso medidas urgentes.
E não se trata de medidas simples. Gilberto disse que o Governo Federal precisa ampliar o número de beneficiados com o Garantia Safra, assim como aumentar o valor (R$ 550,00, que é repassado aos trabalhadores em cinco parcelas). Atualmente ele calcula que pelo menos 80 mil trabalhadores rurais estejam precisando de ajuda devido à perca da safra.
E, conforme Gilberto Silva, apenas pouco mais de mil têm acesso ao programa, que além de ter um valor pequeno, é preciso muita burocracia para liberar os recursos. Outro prejuízo observado pelo técnico é que os agricultores já usaram tudo que tinha no Banco de Sementes para plantar em 2008, 2009 e 2010 e nas três safras teve muitos que perderam.
Ou seja, no início do próximo inverno terão que comprar, sem ter recursos, as sementes para arriscar tudo de novo no regime de sequeiro. Perguntado se não estava na hora do Governo Federal criar uma política nacional ou voltada para a região Nordeste para se conviver com a seca de forma sustentável, o assessor disse que este é o caminho.
Citou, por exemplo, que muitos agricultores das regiões de Upanema, Apodi, Pau dos Ferros, Lucrécia, Umarizal, Patu, Messias Targino, Janduís, Campo Grande e Caraúbas poderiam sobreviver muito bem produzindo peixes em cativeiro nos açudes destas regiões. "Já existe alguma coisa em andamento sendo implantada, mas é muito pouco", diz o técnico.
Sobre o rebanho de ovinos, caprinos etc, Gilberto Alves disse que o caminho é o Governo baratear os custos com a ração. "Não existe outra saída quanto a esta questão", diz. O quadro de situação de emergência levantado pela Fetarn no Oeste do Rio Grande do Norte foi produzido num relatório e entregue ao Governo Federal, em Recife, e ao Governo do Estado, em Natal.
A mesma situação está sendo vista como crítica pelo presidente da Associação dos Municípios do Oeste Potiguar (AMORN), prefeito Marco Aurélio, de Riacho da Cruz, que já está em situação de emergência. Quem também já decretou situação de emergência foi o município de Caraúbas. O prefeito Ademar Ferreira diz que parte da zona rural já precisa de abastecimento com carro-pipa.
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