Caprinos da raça moxotó são matéria-prima para pesquisa de etanol a partir do animal.
A Embrapa Agroenergia, em parceria com a Embrapa Caprinos e Ovinos, a Universidade Católica de Brasília (UCB) e a Universidade de Brasília, está desenvolvendo pesquisas para a produção de enzimas a partir do rúmen de caprinos - ou seja, a primeira parte do estômago dos ruminantes.
Dentro do rúmen existem vários tipos de bactérias que ajudam na digestão do pasto. O alimento é atacado pelas enzimas das bactérias, que fazem a “quebra” das fibras em unidades de glicose, que podem ser fermentadas e convertidas em etanol. Identificar e caracterizar essas enzimas são os grandes desafios desse trabalho, afirma a pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Betânia Quirino. “Em dois anos de estudos, já conseguimos identificar quatro tipos de enzimas”, diz.
As pesquisas estão sendo desenvolvidas no laboratório da UCB e os resultados têm animado a equipe. Mas, se os laboratórios e os equipamentos de alta tecnologia estão em Brasília, é do sertão nordestino que vem a matéria-prima, a origem da inspiração da equipe. “Escolhemos os caprinos da raça moxotó, espécie nativa brasileira, pelo fato de terem uma alimentação peculiar, que é a vegetação do semiárido nordestino”, ressalta a pesquisadora Isabel Cunha.
A identificação de enzimas nestes animais é inédita, pois a maioria dos trabalhos em outros países é com bovinos. Cristine Barreto, professora da UCB, explica que a primeira fase do estudo foi descrever a diversidade dos microorganismos. “Descobrimos, através da metagenômica, que conhecemos no máximo 20% da diversidade bacteriana presente no rúmen desses animais”, conta.
Na safra de 2008/2009, o Brasil produziu 24,3 bilhões de litros de etanol, sendo 83% destinados ao mercado interno. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), em 2009 foram comercializados no país 22,82 bilhões de litros de etanol, aumento de 16% em relação ao ano anterior.
Um vídeo que está no site da Embrapa Agroenergia explica a pesquisa do biocombustível a partir de caprinos. Os avanços tecnológicos que serão gerados por essa e outras pesquisas deverão contribuir para que o Brasil mantenha sua liderança no mercado mundial, pois o álcool poderá ser produzido a partir de outras matérias-primas - o chamado etanol de segunda geração.
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