O produtor de algodão precisa estar bem atento ao manejo e aos controles preventivos de doenças. A maioria dos patógenos que afetam a cultura não são sensíveis a químicos ou a outro tipo de medida curativa. Uma vez que a doença se instala no algodoeiro, não há muito o que fazer e as perdas podem ser quase totais. Por isso, as armas do produtor não são as aplicações químicas e sim o planejamento, o manejo e a rotação de culturas, como explica Nelson Dias Suassuna, pesquisador da Embrapa Algodão.
"Infelizmente, nem todos os produtores seguem as táticas de manejo e o resultado é que os produtores que não fazem o manejo correto têm a sua área produtiva reduzida gradativamente. A maioria das doenças não tem controle curativo e, uma vez instalados no algodoeiro, o que o produtor deve fazer é plantar outras culturas e esperar diminuir a população dos nematóides para que no futuro ele possa voltar a plantar algodão naquela área. Por isso, a rotação de cultivos é importante. Não resolve para a safra afetada, mas é um manejo para o longo prazo" — alerta Suassuna.
As principais doenças do algodão são a mancha de ramulária, a ramulose, o mofo branco e os nematóides. A mancha de ramulária causa perdas entre 10% a 40% de produtividade e ataca as folhas do algodoeiro provocando a desfolha da planta. Ela pode ser facilmente identificada por pequenas manchas brancas localizadas perto das nervuras, principalmente das folhas mais velhas. O mofo branco é uma doença nova, mas também é de fácil identificação e toma rapidamente toda a planta, deixando toda a estrutura realmente com aspecto de mofada. Dias depois do mofo ter tomado o algodão, o produtor consegue perceber pequenas bolinhas pretas, que são estruturas do fungo. A ramulose também toma toda a planta e pode destruir uma plantação por inteiro, é comum causar perdas de 80% se houver descuido do produtor. Entre os nematóides, apenas um pode ser detectado se o produtor arrancar a raiz. Eles provocam galhas nas raízes, diminuindo a capacidade de absorção de água e nutrientes, o que causa o definhamento da planta.
A única destas doenças que pode ser controlada através de fungicidas é mancha de ramulária. Sabendo que a doença se incia entre os 45 a 50 dias após o plantio e que o patógeno vem pelo ar, o produtor pode se programar para aplicar o fungicida nesta época. O pesquisador lembra que é importante haver uma rotação também entre os princípios ativos dos fungicidas utilizados para que o fungo não se acostume com o remédio e se torne imune. Nos outros casos, a rotação de cultura, a escolha de cultivares resistentes e a semeadura direta na palha são as medidas essenciais que o produtor não deve deixar de fazer. A rotação é extremamente importante para evitar as doenças, principalmente se o produtor tiver cultivares sensíveis e se a área já tiver sido contaminada uma vez. Suassuna lembra que tudo se baseia no planejamento correto.
O primeiro passo é o uso de cultivares resistentes. Na hora do planejamento da safra, quando o produtor vai comprar seus insumos, ele deve optar por uma cultivar que tenha resistência ao maior número possível de doenças. O segundo ponto é o manejo da área. Nós sabemos que o cultivo continuado de algodão na mesma área acumula patógenos que causam doenças que surgem cada vez mais cedo e com intensidade mais elevada. O produtor deve primeiro rotacionar a sua área, isso significa que, se ele plantou algodão este ano, no próximo ele deverá plantar uma outra cultura. Outro ponto é a semeadura direta na palha. O Plantio Direto, com formação de palhada no algodoeiro, reduz principalmente os patógenos de solo — ensina.
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