Organizações e movimentos sociais do campo do estado do Rio Grande do Norte estão reunidos neste momento (tarde de 17 jun), em Natal, com a diretoria do Departamento Nacional de Obras contra as Secas, o DNOCs, para entregar um manifesto contra a instalação do projeto de irrigação da Chapada do Apodi, Sertão do Estado. No último dia 10 de junho, o Governo Dilma assinou o decreto de desapropriação de uma área de mais de 13 mil hectares na Chapada para a implantação do Projeto, que está sob o comando do DNOCs e com um investimento que ultrapassa mais de 240 milhões de reais. Na área, mais de 150 famílias de pequenos agricultores terão que sair das terras onde tradicionalmente vivem há mais de 60 anos para dar lugar ao Projeto que será destinado ao monocultivo da fruticultura irrigada para exportação.
Além de atingir diretamente as famílias dos pequenos agricultores, o projeto também vai impactar oito assentamentos que estão no entorno. No manifesto, as entidades denunciam que “a Chapada do Apodi encontra-se ameaçada com o projeto de irrigação da Barragem Santa Cruz em Apodi que vem na contramão dessa celebração da Vida, que acontece nas comunidades e nos assentamentos rurais do Sertão do Apodi há mais de 100 anos.” Essa região, destaca Antônio Nilton, da Comissão Pastoral da Terra, “é uma das áreas mais ricas em experiências agroecológicas no Nordeste. É nesta região, por exemplo, onde há uma das maiores produção agroecológica de mel do país. Tem a caprinocultura, manejo da caatinga e diversas formas de experiências desenvolvidas que já são reconhecidas e são referências no Brasil e no mundo”, ressalta.
Com a implementação do projeto, todas essas experiências irão desaparecer. “O Projeto de irrigação da Chapada do Apodi se dará a partir da concentração de terras, da destruição da biodiversidade, da caatinga, se dará a partir de uma utilização intensa de agrotóxicos e de insumos, que irá contaminar o solo, a água, o ar. Um projeto desse porte vai impactar e dizimar todas as comunidades camponesas que ali vivem”, complementa Nilton.
Para o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais do município de Apodi, Francisco Edilson Neto, “é um absurdo o que está acontecendo na Chapada do Apodi. Dizem que é pra gerar emprego, mas vão tirar o sustento de mais de 150 famílias de pequenos agricultores e de centenas de famílias de 8 assentamentos”.
Segundo Edilson, as famílias estão preparadas e mobilizadas para resistirem à implementação do Projeto. No manifesto entregue hoje ao DNOCs, os trabalhadores rurais, Sindicatos Rurais, organizações e movimentos sociais do campo destacam que “Neste momento, nossa luta central é resistir, denunciar e exigir que o Governo Federal, REVOGUE o decreto que torna de utilidade pública 13.855,13 hectares na Chapada do Apodi para fins de desapropriação pelo DNOCS, e DIALOGUE com os movimentos sociais, outra proposta, que leve em consideração a longa e dura luta dos agricultores familiares camponeses da Chapada do Apodi na convivência com o Semi-árido Potiguar que serve de exemplo em todo Brasil.”
Reforma Agrária ao avesso - “Lula, em seus últimos anos de governo, não chegou desapropriar 13 mil hectares de terra para a Reforma Agrária e é provável que Dilma não desaproprie 13 mil hectares para fins de Reforma Agrária em seu governo, mas desapropriou, tudo de uma só vez, para as grandes empresas.” ressaltou o integrante da CPT.
Retirado do Blog: noticiasdocamposttr.blogspot.com
Fonte: Site da CPT NE.
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