quarta-feira, 16 de junho de 2010

Caju e mamona reduzem custos de alimentação de ovinos em 70%


A Embrapa Caprinos e Ovinos vai apresentar uma nova proposta de alimentação para estes animais durante o XIV Seminário Nordestino de Pecuária, a Pecnordeste 2010, que  está acontecendo em Fortaleza, no Ceará. A proposta é substituir alimentos importados por semelhantes regionais que são encontrados com mais facilidade e reduzem os custos de nutrição em até 70%. Para isso seriam utilizados resíduos de duas culturas muito comuns no Nordeste: o caju e a mamona. O pedúnculo de caju, um subproduto da produção de castanha, pode substituir 70% do uso da forragem e o farelo de mamona, oriundo da extração de óleo para biodiesel, pode ser usado no lugar do farelo de soja. Eles são muito mais baratos porque não têm valor comercial e são despejados no meio ambiente.

Primeiro nós temos que considerar que alimentação destes animais no semi-árido é um das principais dificuldades que os produtores enfrentam. Nessas regiões, os produtores, principalmente na época seca, usam muito concentrado a base de milho e farelo de soja que são importados de outras regiões do país para alimentar estes animais. O uso do pedúnculo de caju e do farelo de mamona são alternativas de baixo custo para alimentação destes animais e que pode contribuir para a viabilidade econômica destes sistemas de produção — explica o pesquisador Marco Bomfim, da Embrapa Caprinos e Ovinos.

A ideia dos pesquisadores é que os produtores possam produzir parte desta tecnologia na própria propriedade. Um produtor que faça a extração do óleo de mamona para biodiesel pode também tratar o farelo da mamona e disponibilizá-lo para os seus animais. No caso do pedúnculo de caju, o material pode ser encontrado com muita facilidade nas regiões produtoras já que 90% do pedúnculo é desperdiçado e só precisa ser catado do chão. Para atender a demanda de produtores de ovelhas e cabras que não moram em regiões de produção de mamona e caju, as indústrias de ração poderiam atender esta demanda fazendo a mistura dos alimentos nas rações. Dessa forma, produtores de várias regiões poderiam comprar as rações à base de pendúculo de caju e farelo de mamona. Um detalhe que Bomfim chama a atenção é para o cuidado com o tratamento do farelo de mamona.

A mamona apresenta uma proteína tóxica na sua constituição que é a ricina. O diferencial desta tecnologia é que nós estamos apresentando uma forma de eliminar esse resíduo tóxico e tornar esse alimento passível de uso na dieta destes animais. Essa tecnologia, que será mostrada na Pecnordeste, tem que ser utilizada antes que o alimento seja oferecido aos animais. A boa notícia que nós vamos dar no evento é que além de baratear os custos, estes alimentos são eficientes do ponto de vista nutricional. O pedúnculo de caju já foi estudado para a utilização por ovinos, com excelentes resultados, e agora terminamos a avaliação com caprinos para a produção de leite e ele é um excelente alimento. O farelo de mamona também tem demostrado um grande potencial em substituir o farelo de soja na  ração destes animais — comemora Bomfim.

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